Safo de Lesbos : a décima musa.


Uma das primeiras escritoras a ser publicada. Grande parte de sua poesia foi perdida, mas sua imensa reputação permaneceu. Safo é considerada a maior poetisa grega do gênero lírico, talvez a primeira escritora do sexo feminino a marcar a literatura ocidental.


Há quem afirme serem nove as musas. Que erro!
Pois não veem que Safo de Lesbos é a décima?
Platão


Nasceu provavelmente em 620 aC numa família aristocrática na ilha de Lesbos, que está situada no nordeste do Mar Egeu e, hoje pertence a Grécia. Apesar da notoriedade de sua obra, seu alto teor de erotismo provocou na Era Medieval a censura de sua poética, o que infelizmente resultou na perda de grande parte dos seus textos – queimados pela Igreja; raros fragmentos sobreviveram ao longo do tempo.
Na Antiguidade, Safo era comumente colocada entre os grandes poetas e referida como “A Poetisa”, assim como Homero era chamado de “O Poeta”. Sua poesia era considerada das mais sublimes. Dentre os gregos que lhe foram contemporâneos e pósteros, Safo era considerada uma dos chamados "Nove Poetas Líricos" (os outros eram: Álcman, Alceu, Estesícoro,Íbico, Anacreonte, Simônides, Píndaro e Baquílides). Estrabão escrevera que "Safo era maravilhosa, pois em todos os tempos que temos conhecimento não sei de outra mulher que a ela se tenha comparado, ainda que de leve, em matéria de talento poético."
Platão a citou como a décima musa e foi honrada com moedas cunhadas com a sua efígie e estatuas cívicas. No entanto, foi atacada e ridicularizada pela sua evidente preferência sexual. Na verdade, sua vida foi geralmente distorcida para servir de lição de moral para os seus leitores.
Longinus, um poeta que viveu no primeiro século da era cristã, menciona que Safo é “expressão mais extrema e intensa de emoções”. Clareza e simplicidade da linguagem do pensamento estão em toda parte evidente nos fragmentos conhecidos, além de sagacidade e retórica. Suas imagens são nítidas: os pardais que extraem o carro de Afrodite, a Lua cheia em um céu estrelado, a maçã vermelha solitária no topo da árvore.
No ano de 593 a.C., Lesbos estava sob a ditadura de Pítaco ( estadista e legislador), instalado no poder pelos comerciantes e membros menos prósperos da sociedade. Os aristocratas, inconformados com a perda do poder, tentam resgatá-lo, conspirando contra o estadista. Mas eles são novamente subjugados e seus líderes são enviados para o exílio, entre eles Safo.
Depois do exílio em Pirra, Safo é deportada para a Sicília, bem distante de Lesbos, em algum momento entre 604 aC e 594 aC , pois Pítaco sentia-se ameaçado por seus escritos. Lá ela contrai matrimônio com um afortunado industrial de Andros, com quem tem uma filha, Cleis, e depois a deixa viúva e rica. Após permanecer cinco anos fora de sua terra natal, ela retorna e assume a liderança da comunidade local na esfera cultural. Elegante, bela e livre de compromissos, passa a viver sem preceitos morais, com absoluta liberdade.
Ela logo institui uma escola para meninas pertencentes à elite de Mitilene, versando-as no estudo da música, da poesia e da dança. A poetisa se referia às alunas com a expressão heteras ou hetairas, que significa ‘companheiras’. Mas Safo, mestra sem igual, apaixona-se por suas alunas e entre elas elege uma favorita, Átis, considerada sua maior amante. Em um episódio envolvendo um triângulo amoroso, pois sua amada se apaixona por um jovem, a garota é retirada da escola pelos pais. Histórias sobre os hábitos cultivados no colégio de Safo começam a circular pela cidade, o que determina o fim de sua escola.
A profunda desilusão sofrida com a perda da aluna e amante Átis dá início à fase mais rica de sua poética, principalmente com o poema Adeus a Átis, considerado uma de suas composições mais perfeitas, simples e sóbrio. Algumas lendas narram que, em idade mais avançada, ela teria voltado a se apaixonar por homens. Sua obra e sua figura sofreram intenso preconceito ao longo da História, e só em 1897 algumas de suas poesias foram descobertas por alguns arqueólogos. Embora alguns rumores disseminem histórias sobre um possível suicídio da poetisa, em virtude da paixão por um marinheiro, textos remanescentes da poetisa dão conta de que ela chegou à velhice. Ninguém sabe ao certo, porém, como ela morreu, mas é certo que ela é considerada a maior poetisa de todos os tempos.
Abaixo, o poema À Amada dedicado a sua aluna e amante Átis, considerado até hoje como um dos mais perfeitos versos líricos de todos os tempos.


Ventura que iguala aos deuses,
Em meu conceito desfruta
Quem junto de ti sentada,
As doces falas te escuta,
Goza teu mago sorrir.
Quando imagino em tal gosto
É minha alma um labirinto;
Expira-me a voz nos lábios;
Nas veias um fogo sinto;
Sinto os ouvidos zunir.
Gelado suor me inunda;
O corpo se me arrepia;
Fogem-me as cores do rosto,
Como ao vir da quadra fria
Entra a folha a desmaiar.
Respiro a custo, e já cuido
que se esvai a doce vida!
Arrisquemo-nos a tudo...
Contra uma angustia sofrida
Tudo se deve tentar


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Autor Nina Draper

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